Quando alguém gosta de tomar bebidas alcoólicas e precisa fazer uso de algum tipo de medicação por um determinado período, a primeira pergunta que surge é: eu posso misturar os dois?
Infelizmente, essa ainda é uma prática muito comum de se ver em pacientes de todo mundo, mas que devia ser evitada.
Uma pesquisa rápida pela internet traz dezenas de resultados, alguns condenando a mistura, enquanto outros dizem que não há problema nenhum nessa combinação.
Entre as dúvidas mais frequentes está a de se misturar antibióticos e álcool é seguro, visto que existe um senso comum de que isso pode levar à perda da eficácia do medicamento e ao aumento dos efeitos colaterais dele.
Mas será que realmente é perigoso misturar antibióticos e álcool?
Pensando em responder de uma vez por todas a essa pergunta, resolvi trazer aqui esse artigo com informações importantes sobre esse assunto.
Acompanhe até o final e saiba tudo sobre esse tema que causa tanta confusão por aí.
Antibióticos e bebidas alcoólicas: essa mistura é perigosa?
O que são os antibióticos?
Os antibióticos são uma classe de medicamentos com a função primordial e específica de promover a eliminação das bactérias maléficas ao organismo.
Ao mesmo tempo em que ele deve eliminar esses micro-organismos, os antibióticos não devem atacar e danificar as células normais do corpo.
Da mesma forma que as bactérias não são iguais e existem tipos diferentes no mundo, também há diversos antibióticos para tratar qualquer tipo de bactéria maléfica existente.
Um uso muito comum e errôneo que pode causar efeitos negativos a longo prazo é a utilização dos antibióticos para tratar infecções virais e fúngicas, tendo em vista que eles não agem contra esses micro-organismos.
Os antibióticos podem ser bactericidas (matam as bactérias) ou bacteriostáticos (impedem a reprodução e a proliferação das bactérias).
Os tipos mais comuns de antibióticos que são utilizados em todo o mundo são a ampicilina, a amoxicilina, a azitromicina, a cefalexina e a tetraciclina.
Como o álcool afeta o seu corpo?
O consumo de bebidas alcoólicas é alto não só no Brasil, como em todo o mundo, mas os seus efeitos prejudiciais vão de encontro a essa enorme popularidade.
Os efeitos de curto prazo, sentidos logo no mesmo dia ou na manhã seguinte a bebedeira, são dor de cabeça, cansaço, azia, enjoos e náuseas.
A longo prazo ele pode afetar o coração, a imunidade, a fertilidade e até causar alguns tipos de câncer.
Quando você ingere mais de três copos ou latinhas de alguma bebida alcoólica por dia, o seu coração é diretamente afetado, e quanto mais álcool a bebida tiver, piores são as consequências.
O consumo crônico pode levar ao aumento da pressão (hipertensão arterial), falência cardíaca e acidentes vasculares cerebrais.
Além disso, substâncias resultantes da metabolização do álcool podem levar à danificação do DNA celular, o que pode gerar o desenvolvimento de câncer.
O consumo do álcool ainda afeta a capacidade do seu organismo de defender-se contra infecções, sejam elas viral ou bacteriana.
Um outro ponto negativo do efeito do álcool a longo prazo é a redução da produção dos espermatozoides no homem e a redução da fertilidade na mulher.
Por último, o órgão mais afetado do organismo com o constante consumo de álcool é o fígado, que é o responsável pelo metabolismo dessa substância.
A longo prazo, o consumo de bebidas alcoólicas pode levar ao desenvolvimento de doenças do fígado como hepatite, esteatose hepática (gordura no fígado), cirrose e câncer.
Dá para ver que o álcool é bastante prejudicial ao organismo humano, então o que será que ocorre se você mistura antibióticos e bebidas alcoólicas?
Misturar antibióticos e bebidas alcoólicas: é seguro?
O principal medo das pessoas em misturar antibióticos e álcool é “cortar” o efeito do medicamento por conta do consumo de álcool.
Apesar de essa ser a teoria mais divulgada por aí, tomar quantidades pequenas, moderadas e até grandes de bebidas alcoólicas não anula o efeito dos antibióticos, de um modo geral.
Entretanto, isso não significa que você deva fazer o consumo dessas duas substâncias conjuntamente.
Saiba que misturar antibióticos e álcool pode ter uma consequência bem pior do que a perda da eficácia do medicamento, que é a potencialização dos efeitos colaterais deles.
Existem alguns tipos de antibióticos que jamais devem ser misturados com álcool, pois podem causar uma reação potencialmente perigosa e até fatal.
Veja agora quais são os efeitos e reações da combinação antibióticos-bebidas alcoólicas de acordo com alguns tipos desse medicamento.
Interações entre antibióticos e álcool: efeitos
Existem alguns antibióticos que jamais devem ser combinados com bebidas alcoólicas, tendo em vista que as reações causadas são potencialmente perigosas ao indivíduo.
Entre eles estão: doxiciclina, tinidazol, cefoperazona, metronidazol, cetoconazol, cefotetan.
Alguns dos resultados que estão relacionados a essa mistura estão queda da pressão arterial e desmaios.
Metronidazol, tinidazol e cefoperazona
Quando você mistura alguns desses três antibióticos com qualquer bebida alcoólica, o surgimento de problemas gastrointestinais é muito comum, como dores de estômago, vômito e náuseas.
Além disso, eles ainda podem causar vertigens/tonturas, dores de cabeça e aumento ou redução da pressão arterial.
As bebidas alcoólicas não devem ser evitadas apenas durante o uso desses antibióticos, mas também até 3 dias antes e depois de toma-los.
Linezolida e Isoniazida
O consumo dos antibióticos linezolida e isoniazida combinado com bebidas alcoólicas pode causar sérios problemas à saúde do fígado.
Levando-se em conta que esse é o órgão onde ocorre a metabolização tanto de medicamentos quanto do álcool, ele sofre com a sobrecarga resultante dessa mistura.
Essa combinação é tão perigosa que o dano hepático causado pode requerer tratamento específico, visando evitar problemas futuros maiores.
Efeitos gerais de misturar antibióticos e álcool
Nos tópicos acima você viu alguns efeitos colaterais específicos de alguns tipos de antibióticos, que são aqueles em que a mistura com o álcool é mais potencialmente perigosa.
Entretanto, mesmo aquelas interações que não trazem efeitos perigosos podem ocasionar resultados não muito agradáveis.
De um modo geral, o trato gastrointestinal é o mais atacado pelos efeitos da combinação antibióticos-álcool, causando diversos desconfortos, como náuseas, vômitos, diarreias, dor de estômago e até úlceras.
O sistema nervoso, que já sofre bastante com o consumo isolado do álcool, também é bastante afetado com a interação com os antibióticos.
Alguns dos efeitos que podem ser sentidos são sonolência, tontura e, em casos mais graves, até desmaios e confusão mental.
Quanto aos efeitos sobre o sistema circulatório, a interação antibióticos-álcool causa:
- Ruborização (vermelhidão da pele e aumento da temperatura em determinados locais)
- Desequilíbrio na pressão arterial (aumento ou queda brusca e repentina)
- Ritmo cardíaco acelerado
- Dores de cabeça severas, ocasionadas pelo aumento da pressão
Apesar dos efeitos negativos serem incômodos, a maioria deles passam sozinhos com o tempo, sem a necessidade de procurar ajuda médica.
Em alguns casos, entretanto, é preciso ir até uma emergência para que os devidos cuidados sejam tomados.
Conclusão
Como você pôde ver, misturar antibióticos e álcool não é seguro, pois pode ocasionar diversos efeitos colaterais que afetam diretamente a sua saúde.
Quando você estiver tomando esses medicamentos e alguém insistir para que você beba, pois isso não “corta” o efeito do antibiótico, liste todos os potenciais problemas que essa combinação pode ocasionar.
Gostou do artigo de hoje sobre se é seguro misturar antibióticos e álcool?
Se ficou com alguma dúvida sobre esse assunto, escreva-a abaixo nos comentários para que eu possa ajudá-lo.